Renato Cariani é alvo da PF por tráfico de drogas

Empresa teria desviado insumos químicos para a produção de 19 toneladas de crack e cocaína; influenciador se diz “surpreendido” pela operação

A PF (Polícia Federal), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPSP (Ministério Público de São Paulo) e a Receita Federal deflagraram nesta 3ª feira (12.dez.2023) a operação Hinsberg, que investiga o desvio de produtos químicos para a produção de drogas. O alvo seria a empresa Anidrol, que tem como sócio o influenciador fitness Renato Cariani –que já fez lives com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Endereços da empresa de produtos químicos e do influenciador foram alvos de busca e apreensão em São Paulo. A operação realizou 18 desses mandados em 7 municípios nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Segundo as autoridades, o grupo emitia notas fiscais fraudulentas em nome de empresas licenciadas, 60 dessas transações foram identificadas em 1 ano de investigação.

A denúncia foi feita pelas farmacêuticas cujos nomes estavam vinculados à compra dos insumos. Elas foram ouvidas pela Receita Federal e indicado que a empresa investigada não consta na sua relação de fornecedores. A PF investiga movimentações do grupo de 2014 a 2020. Os envolvidos responderão por tráfico, associação para fins de tráfico e lavagem de dinheiro.

Segundo as investigações, notas fiscais em nome das multinacionais eram emitidas tendo como fornecedora a Anidrol. O dinheiro era depositado em espécie no caixa, faturado e os insumos desviados para produção de entorpecentes.

Teriam sido expedidos 4 mandados de prisão com base na reiteração delitiva, diante dos 60 casos de notas fraudulentas confirmadas. De acordo com a PF, os pedidos foram ratificados pelo MPF (Ministério Público Federal), mas foram indeferidos pela Justiça.

Ao todo, 12 toneladas de produtos químicos foram desviados, com um valor aproximado de R$ 6 milhões. Fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila estão na lista de componentes, cujo uso corresponde ao refino e adulteração de 19 toneladas de crack e de cocaína.

É um esquema bem sofisticado, que envolve pessoas com conhecimento técnico e dos produtos. São pessoas formadas no ramo e que tem todo o aparato para poder operar dessa forma”, disse Victor Vivaldi, responsável pelas investigações, a 3ª.

Renato Cariani disse nas suas redes sociais ter sido surpreendido pelos mandados da operação em sua casa e pela investigação da Anidrol. Segundo ele, a outra sócia também foi alvo de buscas. Por correr em segredo de Justiça, Cariani não teria tido acesso às investigações, disse no vídeo.

QUEM É RENATO CARIANI 

Empresário e atleta, Renato Cariani é um influenciador fitness brasileiro com mais de 7,3 milhões de seguidores no Instagram. Em seu site, ele oferece cursos de temas como musculação, nutrição, investimentos, inglês. Além da Anidrol, Cariani também é sócio da marca de suplementos Supley.

Sua presença nas redes sociais e programas de emagrecimento contaram com personalidades como o apresentador do SBT Danilo Gentili. Em 2022, o influenciador realizou uma live no seu canal de podcast onde recebeu Bolsonaro, então presidente. A transmissão contou com a presença de Paulo Muzy, outro influenciador do ramo.

Em 30 de outubro de 2022, data do 2º turno das eleições, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) publicou um vídeo onde Cariani declarou apoio à reeleição de Bolsonaro. “Você se vê na Venezuela, no Chile ou na Argentina? Com uma inflação absurda e o dinheiro não valendo nada? Com pessoas passando fome?”, disse em referência à candidatura do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
 

PF faz operação contra suspeitos de entregar 43 mil armas para facções brasileiras

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (5) uma operação contra um grupo suspeito de entregar 43 mil armas para os chefes das maiores facções do país — Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho —, movimentando R$ 1,2 bilhão.

São cumpridos 25 mandados de prisão preventiva, seis de prisão temporária e 52 mandados de busca e apreensão em três países: Brasil, Estados Unidos e Paraguai — onde está o principal alvo da operação,  Diego Hernan Dirísio, que ainda não foi encontrado.

Dirísio é considerado pela PF o maior contrabandista de armas da América do Sul.

Até a última atualização desta reportagem:

  • 5 envolvidos no crime foram presos no Brasil;
  • 14 no Paraguai; sendo que um deles já estava preso.

A Justiça da Bahia, que conduz a operação, determinou que os alvos de prisão que estiverem no exterior sejam incluídos na lista vermelha da Interpol e que, se forem presos, sejam extraditados para o Brasil.

A investigação começou em 2020, quando pistolas e munições foram apreendidas no interior da Bahia. As armas estavam com o número de série raspado, mas, por meio de perícia, a PF conseguiu obter as informações e avançar na investigação.

Três anos mais tarde, a cooperação internacional que resultou na operação desta terça indica que um homem argentino, dono de uma empresa chamada IAS, com sede no Paraguai, comprava pistolas, fuzis, rifles, metralhadoras e munições de fabricantes de países como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia.

Segundo a PF, de novembro de 2019 a maio de 2022, a empresa de Dirísio importou 7.720 pistolas de uma fabricante na Croácia, bem como a compra e venda de 2.056 fuzis produzidos na República Techa e mais cinco mil rifles, pistolas e revólveres produzidos na Turquia. 1.200 pistolas também foram importadas de uma fábrica na Eslovênia — um total de 16.669 armas.

Após a compra, as armas eram vendidas para facções brasileiras, em especial de São Paulo e do Rio de Janeiro. O esquema envolvia também doleiros e empresas de fachada no Paraguai e nos EUA.

Funcionários envolvidos

Entre as pessoas de confiança de Dirísio estão Maria Mercedes e Elaine Marengo, funcionárias da IAS — peças fundamentais no esquema criminoso. Elas eram as pontes entre Dirísio e o núcleo de intermediários, que negociam diretamente com os criminosos brasileiros.

O papel dos funcionários da empresa era “dar cobertura” para que o nome de Dirísio não aparecesse nas investigações — já que ele não queria que seu nome fosse relacionado às armas apreendidas no Brasil.

A investigação aponta Mercedes é uma das principais vendedoras de armamentos da IAS, ao lado de Marengo, que chegou a ocupar a função secretária pessoal de Dirísio. Maria Mercedes e Elaine Marengo foram presas na manhã desta terça-feira (5).

Investigados

A investigação internacional apontou a suspeita de envolvimento do general Arturo Javier González Ocampo, que até pouco tempo atrás ocupava o cargo de Chefe do Estado Maior General da Força Aérea do Paraguai.

Funcionárias da empresa IAS, de Diego Dirísio, foram flagradas em conversas interceptadas, com autorização judicial, pedindo ao general Arturo Gonzales Ocampo para interceder na DIMABEL, órgão militar de controle de armas.

O objetivo é colocar pessoas na DIMABEL da confiança do esquema de tráfico de armas. A polícia paraguaia prendeu o general nesta terça. E fez busca e apreensão na casa dele.

Na DIMABEL, órgão paraguaio responsável por controlar, fiscalizar e liberar o uso de armas, os investigados são:

 

  • General Jorge Antonio Orue Roa (ex-diretor da DIMABEL no período em que a empresa IAS realizou importações que teriam como destino o Brasil);
  • Coronel Bienvenido Fretes, encarregado do departamento de Registro Nacional de Armas (RENAL) da DIMABEL;
  • Tenente Cinthia Maria Turro Braga, encarregada de estar à frente da parte de Assessoria Jurídica do Registro Nacional de Armas (RENAR) da DIMABEL;
  • Capitã Josefina Cuevas Galeano, que estaria na função de Chefe de Importações;
  • Cesar Adolfo Benitez Pappalardo, identificado no relatório final de análise como pessoa que passava informações sobre a apreensão de armas no Brasil para Dirísio.

Igreja nega “vínculo moral” com influencer preso por estupro de fiéis

No dia 18 de setembro, duas estudantes de medicina, de 19 e 20 anos, e uma empresária de 24 anos, procuraram a Delegacia da Mulher de Barueri, para denunciar Victor

As três mulheres que acusaram o influencer Victor Bonato, de 27 anos, de estupro, relataram em depoimento à Polícia Civil, como o líder do movimento religioso Galpão teria cometido os crimes sexuais contra elas. Uma das vítimas ainda entregou às autoridades áudios que mostram Bonato a intimidando antes de cometer abuso sexual. As informações são do Metrópoles.

No dia 18 de setembro, duas estudantes de medicina, de 19 e 20 anos, e uma empresária de 24 anos, procuraram a Delegacia da Mulher de Barueri, para denunciar Victor. À polícia, as jovens alegaram que o acusado usava sua “influência religiosa” no Galpão para manipulá-las e obrigá-las a fazer sexo com ele, consequentemente violando-as sexualmente.

Segundo depoimento, os crimes teriam acontecido entre janeiro e setembro deste ano, longe do local onde o grupo fundado por Bonato realizava os cultos, às terças-feiras.

Nas primeiras abordagens, o influencer teria convidado as vítimas para ir até sua residência para assistir a um filme. Depois, Bonato teria passado a mão no corpo das mulheres, forçando-as a tocar suas partes íntimas. Em dois dos três casos, Victor ainda teria compelido das jovens a realizarem sexo oral. Para conseguir seus objetivos, o líder religioso teria esfregado o pênis no rosto de uma delas, enquanto a vítima estava deitada no sofá. Uma das jovens relatou o que Bonato teria dito antes do abuso: “Quão brava você vai ficar comigo se eu colocar [o pênis] na sua boca?”.

Uma segunda vítima revelou que Bonato “sempre exigiu” que ela mantivesse segredo sobre os dois. Ela disse, ainda, que Bonato “sempre agia de forma agressiva, utilizando-se da autoridade que ele tem como líder espiritual” para conseguir o que queria. Outra jovem contou à polícia que, enquanto mantinha relações sexuais com ela, Victor afirmava que “iria fazer o que quisesse com ela”. O influencer ainda teria partido para a violência física.

“Victor ficou extremamente agressivo, começando a agredí-la fisicamente, desferindo tapas muito fortes em seu rosto, dizendo coisas como: ‘Isso é por você não ter me dado aquela vez’. Em outra ocasião, em tom de ameaça, ele teria dado duas opções à vítima: ‘Ou eu vou te levar para almoçar e você vai me deixar p*to, ou eu vou tirar toda a sua roupa’. A vítima, com medo, ficou sem ação enquanto o influencer a despiu”, revelou um trecho do depoimento.

A Polícia Civil destacou que Bonato “convencia [as vítimas] de que tal sujeição era necessária, dada a sua superioridade enquanto líder de um movimento religioso que vinha ganhando cada vez mais adeptos”. O relatório sobre o caso apontou “fortes indícios da prática de crimes contra a dignidade sexual ocorridos no seio de uma comunidade religiosa”.

Áudios comprometedores

Além dos depoimentos, uma das vítimas entregou às autoridades quatro áudios que supostamente mostram o acusado a intimidando. De acordo com o veículo, as mensagens atribuídas a Bonato teriam sido enviadas via WhatsApp e duram, ao todo, 66 segundos. Em uma transcrição das gravações, Bonato ordena que a jovem fique nua e dispara uma série de palavrões.

“Olha só, eu acho que você tem o teu juízo. Eu não estou te pedindo para você tirar a blusa, eu tô mandando, caralh*! Tira a p*rra da blusa e mostra esse peito gostoso que você tem, para mim, anda!”, consta no documento. Os investigadores apontam que, “pelo seu tom de voz e enredo” do áudio, Victor “se mostra ofegante” e parece “excitado e muito provavelmente se masturbando”.

Num segundo áudio, o acusado insiste nas relações sexuais com a fiel. “Vai me deixar na mão? Vai negar fogo?”, teria perguntado Victor em um deles. A transcrição aponta que, em outra conversa, uma das vítimas teria negado sexo ao líder religioso, que disparou: “Cara, você não tem nem criatividade, tipo assim, você está tentando usar uma fala minha para escapar do fato que você arregou, isso daí eu posso fazer a qualquer hora, agora… te pegar de quatro gostosinho, tô duro, na sala seria inesquecível”.

Ele continua: “Para de gracinha e mostra logo, anda! Tá maluca que você vai me desobedecer, para tudo tem a primeira vez, e sua primeira vez de mandar vai ser comigo, então manda vai. E outra coisa que eu quero ver é aquela bunda gostosa que você tem, com aquela calcinha preta de renda maravilhosa que você estava aqui”. Os investigadores afirmam que as gravações são prova de que ele usava sua influência como líder do movimento Galpão de forma fraudulenta.

Prisão

Suspeito de estuprar as três, Victor está preso desde setembro, revelou o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Apesar das provas e dos depoimentos, o líder religioso alega inocência. Sua prisão foi decretada no dia 20 de setembro pelo juiz Fabio Calheiros do Nascimento, da 2ª Vara Criminal de Barueri. Ele foi detido pela Polícia Civil no mesmo dia.

Em documentos obtidos pelo Metrópoles, o juiz afirmou que as vítimas frequentavam o Galpão em Alphaville, SP, e conheceram Bonato “como uma pessoa religiosa e correta”. Elas “desenvolveram algum grau de amizade” com o influencer, “a ponto de frequentar a casa dele”, até que “ele as abordou com intuito sexual”.

Ele pontou, ainda, que duas mulheres alegam que “foram agredidas durante o ato sexual e obrigadas, mediante força, a fazer sexo oral no suspeito”. “Todas as três vítimas disseram que foram persuadidas a aceitar ato libidinoso ou conjunção carnal, inclusive pela influência exercida pelo suspeito em razão de sua autoridade religiosa como um dos líderes do grupo e pela agressividade dele”, declarou Nascimento.

Samara Batista Santos, advogada responsável pela defesa de Victor, declarou, por meio de nota, que o influencer “nega veementemente as alegações contra ele”. Bonato, entretanto, ainda não foi interrogado e sua versão não consta na documentação da polícia.

“Informo ainda que o investigado emitiu um pedido de perdão perante as partes envolvidas, em suas redes sociais, referente ao seu comportamento considerado pecaminoso, no âmbito religioso, sem estar ciente de quaisquer acusações judiciais que estão atualmente em processo de investigação pelas autoridades competentes para fins de esclarecimentos”, disse a advogada. “Reitero que respeitamos plenamente a seriedade das alegações em questão e reconhecemos a importância de proteger os direitos de todas as partes envolvidas no caso”, finalizou.

O vídeo em questão foi divulgado nas redes sociais de Bonato, em 19 se setembro, um dia antes de sua prisão. “Eu quero pedir perdão às meninas com quem eu falhei, que eu defraudei, que eu magoei, com quem eu não tive atitude de homem”, disse ele. “Eu vim confessar para ficar claro que eu errei. E eu falhei, não o Galpão”, completou.

Após operação da Polícia, Skarlet Mello, a influenciadora do “Joguinho do Tigre”, diz que vai embora de São Luís

Logo após a operação “Quebrando a Banca”, deflagrada na manhã desta terça-feira (26) pela Polícia Civil do Maranhão por meio da (Seic) Superintendência Estadual de Investigações Criminais, a influenciadora Skarlet Mello, veio a publico e se pronunciou sobre o caso.

Ela, que foi um dos dos alvos da operação, disse por meio da conta do marido no Instagram – uma vez que sua conta está bloqueada, que irá embora de São Luís após revolver os problemas resultantes da operação.

“Muito difícil viver aqui no Maranhão, aqui você não pode dar um passo para frente que vai ter gente querendo te puxar para trás, você não pode crescer, você não pode ter nada. Quem bem souber que saia fora. Eu já estou com essa vontade faz tempo, agora só vou revolver minhas coisas e meter o pé. Porque eu, Skarlet, não suporto mais viver nessa cidade.” desabafou a influencer.

PF prende empresário membros da alta cúpula de comércio ilegal de ouro em Manaus

A Polícia Federal confirmou a prisão de Brubeyk do Nascimento, dono da empresa Bamc Laboratório de Análises de Solos e Minérios, e detalhou como funcionava o esquema de contrabando de ouro ilegal no Amazonas, que envolve várias empresas dos ramos alimentício, minério, transporte e outros.

Segundo Domingos Sávio, chefe regional da PF, o esquema era comandado por um austríaco naturalizado brasileiro. Junto com as empresas suspeitas, eles formam a maior cúpula criminosa de envio de ouro para a Europa.

O delegado Vinicius de Paula, explica que os envolvidos usavam uma empresa identificada como “Bank” para cometer fraudes e realizar o envio do minério.

Eles declaravam em documentos que o ouro havia sido retirado de um garimpo legalizado, mas na verdade faziam a extração de terras indígenas.

“Este grupo criminoso, por meio da empresa Bamc, estruturada em lavagem de dinheiro, retiraram o ouro do território nacional, sobretudo de terras indígenas, o que aumenta a gravidade do fato (…) Eles declaram que extraem o ouro de uma permissão de lavra  garimpeira, que por meio de georreferenciamento e aplicativos da PF, vimos que aquele local não tem nenhuma extração, ele declara que tira dali, mas não há extração ali”, destaca o delegado.

Por meio de perícia, a PF confirmou que grande parte do ouro vem do Pará e era enviada para fora do país sem autorização do Banco Central.

O esquema rendeu ao austríaco, identificado como Werner Rydl, um patrimônio declarado na Receita Federal  de R$ 20 bilhões em barras de ouro.

“É necessário informar a existência de esquemas de esquentamento de ouro através de um imposto de renda de um indivíduo chamado Werner Rydl. Ele utiliza esse patrimônio, que supostamente adquiriu ao longo de muitos anos, para fazer a venda de ouro para o alvo principal”, diz o delegado Adriano Sombra.

A investigação sobre o caso iniciou ainda em 2020 e somente agora conseguiu chegar na alta cúpula do esquema.

Além de Brubeyk, outro homem também foi preso e uma outra prisão em flagrante está sendo analisada e os delegados acreditam que possam acontecer outras detenções ao longo do dia, uma vez que os policiais ainda estão em campo.