TRT4 05/02/2021 -Pág. 2294 -Judiciário -Tribunal Regional do Trabalho 4ª Região
3158/2021
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região
Data da Disponibilização: Sexta-feira, 05 de Fevereiro de 2021
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sim, quando associado às lesões e traumas do assoalho
têm maior prevalência de IU quando comparadas com as da
pélvico. Contudo, quando comparado com nulíparas, tanto o
raça negra, supõe-se que provavelmente existem
parto vaginal como o cesáreo mostraram associação com a IU.
determinantes genéticos, diferenças na anatomia ou na
• Peso do recém-nascido: o peso do recém-nascido, tanto
resistência da uretra e nas estruturas de suporte do assoalho
durante a gravidez quanto no parto vaginal, influência o
pélvico que protegem as mulheres negras da IU. Ao comparar
aumento da prevalência de IU. Este fator pode estar
as mulheres incontinentes com as continentes, a história
relacionado com o aumento da pressão intraabdominal, e,
familiar de IU foi 2,6 vezes maior nas mulheres incontinentes e
consequentemente, com o aumento da pressão intravesical.
mais provável ter pelo menos um membro da família com IU.
Além disto, existe o risco para lesão do assoalho pélvico
No Brasil, não encontraram diferença no risco de IU em relação
durante o parto vaginal. Porém, outro estudo não encontrou
à raça e, consideraram a possibilidade de que parte das
associação significativa entre o parto de crianças com peso
mulheres da amostra estudada poderia ter traços de herança
maior que 4000g e a presença de IU ou de lesões no assoalho
negra. Neste sentido observa-se que, na população brasileira,
pélvico de terceiro ou quarto grau após o parto vaginal, fator
as distinções raciais com base na cor da pele declarada ou
considerado como risco para IU.
observada não são precisas, dificultando o estabelecimento
• Menopausa: as prevalências de IU em mulheres na pré e pós-
desta diferença.
menopausa têm sido muito estudadas e os resultados têm
• Uso de drogas: o uso de medicamentos é fator que contribui
confirmado associação significativa, com índices que variam
para a IU transitória. Alguns medicamentos aumentam a
de 46% a 64%. A estática pélvica pode ser afetada com as
frequência e a urgência urinária. Certas drogas, como os
mudanças hormonais durante a menopausa. O
simpaticomiméticos e parasimpaticolíticos, atuam no trato
hipoestrogenismo na pós-menopausa predispõe a mulher à IU
urinário inferior e podem alterar a função vesical piorando ou
e contribui para sintomas urinários como aumento da
contribuindo para aumento da frequência da perda urinária.
frequência, urgência e disúria.
• Consumo de cafeína: a cafeína tem uma ação diurética nos
• Cirurgias ginecológicas: há associação significativa entre a IU
rins aumentando o volume urinário. A ingestão da cafeína em
e cirurgias ginecológicas. Alguns autores observaram achados
alta concentração pode causar instabilidade do músculo
significativos entre a histerectomia e a IU. Acredita-se que a
detrusor e, consequentemente, perda involuntária de urina. Um
excisão ou o prolapso do útero comprometem as funções do
estudo verificou que a hiperatividade vesical apresentou
assoalho pélvico, visto que, este órgão suporta parte deste
associação estatisticamente significativa com o consumo de
assoalho a sua remoção pode causar danos nas estruturas que
cafeína, idade e tabagismo. A cafeína pode determinar
sustentam a bexiga e a uretra. Entretanto, em dois estudos de
hiperatividade vesical devido ao fato de ter efeito excitante
revisão bibliográfica, mostraram resultados divergentes, pois,
sobre a musculatura lisa do detrusor. Na cistometria ocorre
um relatou que a histerectomia aumenta a prevalência IU e
aumento de urgência e frequência da micção após a ingestão
outro, não observou aumento significativo de IU após a retirada
da cafeína; o aumento da pressão na bexiga cheia indica uma
do útero.
diminuição da capacidade vesical, provavelmente sendo a
• Constipação intestinal: atualmente, a constipação tem sido
cafeína responsável por este sintoma, podendo não ser um
estudada como um fator que aumenta o risco de IU em
efeito puramente diurético. Estes estudos não determinaram se
mulheres. A constipação crônica afeta a função urológica: o
a diminuição da ingestão do café poderia estar associada com
estiramento do reto pode comprimir a bexiga, contribuindo
a melhora dos sintomas.
para a retenção urinária, causando infecção do trato urinário e,
• Tabagismo: o fumante frequentemente apresenta tosse mais
frequentemente, a força realizada durante a evacuação
violenta, causando efeito direto ou indireto na bexiga ou na
intestinal pode lesar a musculatura pélvica e, através da
uretra podendo danificar os componentes e o mecanismo
distensão, traumatizar e causar isquemia muscular.
esfincteriano da uretra propiciando a IU e piorando a
• Fatores hereditários: diferenças significantes de prevalência
frequência e a intensidade da IU existente.
de IU foram encontradas entre mulheres negras, hispânicas e
As fumantes apresentam aumento significativo na pressão
brancas. Quanto aos tipos de IU, a hiperatividade vesical
vesical com a tosse, quando comparadas com as não
predominou entre mulheres negras e a IU de esforço entre as
fumantes. Os componentes do tabaco (monóxido de carbono,
hispânicas, asiáticas e brancas. As mulheres da raça branca
nicotina) causam deficiência no estrógeno, assim, nas
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